O calabouço dos inocentes

Os dois candidatos, Dilma e Aécio, reforçam o discurso de mudanças nos seus “projetos” de governo para atender a vontade da Rede, partido de Marina Silva, que até esta quinta-feira, disse, vai se pronunciar de que lado fica. Subjetivismos à parte, o que realmente está em jogo é o futuro de um país mergulhado numa crise ainda invisível.

Com inflação que corrói a lista do supermercado, juros altíssimos que não servem mais como saída para investimentos, e famílias endividadas por conta de um empurrão do governo, que insistiu no consumismo desenfreado para salvar o setor industrial antes das eleições. Um consumismo atípico (...), de países estáveis com políticas públicas de qualidade e investimentos em áreas importantes como saúde e educação muito diferente do nosso. Esta é a realidade que não se quer enxergar.

E o tom do segundo turno? Este já foi dado. Serão três semanas de ataques, de voltas ao passado, como se o presente, ruim, não fosse o momento “mais importante”. A única candidata que buscou alinhar no tom de campanha, propostas, está fora do jogo. O que vamos esperar então do próximo presidente? Nada. Sim, nada! Vai continuar o jogo político para manter nas bases parlamentares a chance de poder governar. Não vê-lo fazer o melhor projeto, a melhor obra, com os melhores investimentos. O calabouço é escuro somente para quem nele se encontra. É pura utopia anglicana. É dessa forma que assistimos ao jogo do poder.

Por outro lado, a forma midiática que Pierre Lévy, o filósofo da informação, vislumbrou no século XX, se perdeu. Ou nem começou ainda! A “inteligência coletiva” das redes sociais, por exemplo, indica isso. Todos falam e catapultam sensos comuns como trabalhos acadêmicos, de meses, às vezes anos de pesquisa. Falar através da “teia” se tornou mais fácil, mas não mais produtivo. Faço uma ressalva da questão política, aqui, para demonstrar a importância da comunicação de massa pela Internet. Mas o que vemos, é uma saraivada de esporões, lançados de seus aconchegantes apartamentos ou residências na zona sul.

A realidade brasileira, por si só, é pífia. Não alimenta o mais fraco, mesmo com bolsas de todos os tipos. Porque no fundo, não se quer só barriga cheia. Quer-se condições para avançar com suas próprias pernas, longe do fantasma da indulgência. O que se quer como alimento do mais fraco é a sua parte. Ela mesma, revertida em benefícios concretos, com funcionalidade efetiva, igualdades de direitos, civilidade. Civilidade que pressupõe mérito de um povo civil. Que tem em seus governantes a confiança que lhes foi dada para representá-los. Não precisamos de Dilmês ou Aecês para nos tratar com palavras. Precisamos é de mudanças, mas profundas.

Um comentário:

  1. A dualidade de partidos (pífios) no poder faz mal à nossa democracia, democracia esta que se mostra tão atuante e diversificada nas redes sociais, porém tão rotineira nos resultados das urnas. Bom texto!

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