Sobre a óptica do Golpe Militar - Há 50 anos

JANGO NO FATÍDICO DISCURSO DO RIO CENTRO - RJ
Condicionantes internas e externas levaram ao Golpe Militar de 1964. Como principal ponto, a direita conservadora temia que o Governo de João Goulart, o Jango, tornasse o Brasil um país comunista. As Forças Armadas, há tempo vinham sofrendo desprestígio político, social e institucional, o que deu origem a dois grupos, um a favor e outro contra o governo de Jango. Os militares brasileiros também viam nos Estados Unidos um aliado, já que era de lá que o Brasil importava material bélico, principalmente armamento pesado e de médio calibre. Além disso, se impressionavam com os investimentos e com o modelo político e de gestão americana.

Em 1961, o então vice-presidente Jango, ao receber a informação sobre a renúncia do então presidente Jânio Quatros, enquanto estava na China comunista, tratou de voltar ao país e de cara recebeu apoio do governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola. Jango assumiu o poder com reserva pela grande camada conservadora que o via como um comunista.

Membro do Partido Trabalhista Brasileiro, Jango, com apoio dos estudantes, deixou insatisfeita a direita conservadora. As reformas de base propostas por ele também irritavam a oposição, principalmente na questão da reforma agrária, do petróleo e da maior participação social. A imprensa conservadora não mais compactuava com seu governo ideológico.

O estopim que iria determinar a tomada de poder através de um golpe militar seria o discurso de Jango e Leonel Brizola, feito no dia 13 de março de 1964, na Central do Brasil, no Rio de Janeiro. Neste dia, os dois anunciaram as reformas de base: agrária, um plebiscito para aprovar uma nova constituição e a nacionalização das refinarias estrangeiras de petróleo. Os militares sabiam que o povo apoiaria o projeto. Sem perder tempo, aliaram-se aos políticos da UDN e ao governo norte-americano para deflagrar o golpe, em 31 de março de 1964.

A igreja católica iniciou um apoio contra a ameaça da esquerda e mobilizou o povo através da Marcha da Família com Deus Pela Liberdade, contra o governo de Jango, dando legitimidade ao golpe militar. A queda de Jango foi inevitável e os militares permaneceram no poder de 64 a 85.

O que estava politicamente em causa, em termos de modelo de sociedade, de geração e de distribuição da riqueza, produzida pelo povo tupiniquim, era o modelo norte-americano, capitalista, que favorecia a elite burguesa e a direita conservadora; a manutenção do enriquecimento dos mais favorecidos economicamente e a continuação dos grandes latifúndios - que na verdade, infelizmente, sustentam grande parcela das causas políticas no Brasil até hoje.

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